sábado, 3 de novembro de 2012

O GAROTO QUE NÃO SABIA ESCREVER

Vou dar um ibope para uma amiga q escreve bem pra caramba ...

O Garoto Que Não Sabia Escrever

Seu nome era Benjamin, tinha 10 anos de idade e estava cursando a 4ª série, todos adoravam Benjamin, tinha muitos amigos, era amigo de quase todos os professores, uma memória incrível, e um filho que toda mãe gostaria de ter. Mas tinha uma coisa que Benjamin não conseguia fazer, que era escrever...

Seus pais já tinham levado ele em todos os médicos da cidade, e ne
nhum conseguia descobrir por que ele não conseguia escrever, o garoto nunca falou nada sobre o assunto, quando lhe perguntavam ele simplesmente dizia: "Não sei escrever", e não falava mais nada. Quando perguntavam por que ele não conseguia escrever, ele ignorava. Mas isso nunca pareceu incomodá-lo. Ele era uma criança muito feliz e brincalhona, não arrumava brigas com ninguém, e sempre se deu bem com todos.

Foram passando os anos, e quando ele completou 14 anos, e estava cursando já a 8ª série, seus pais e professores começaram a ficar preocupados com o fato de ele não saber escrever e, isso pudesse prejudicá-lo, fazendo com que ele fosse retido... Porém, ele nem ligava, era como se não fosse algo importante para ele, Benjamin era ótimo em matemática, muitas vezes ensinava seus colegas a fazerem as contas quando não entendiam os professores.

Neste último ano do fundamental 2, seus pais e professores fizeram de tudo para que ele aprendesse a escrever, mas nada, o máximo que ele escrevia era seu primeiro nome. Às vezes ele escrevia errado isso também. Um dia, sua mãe se virou para ele e começou a falar pra ele estudar mais, prestar mais atenção nas aulas, para poder escrever tão bem como os outros alunos, mas ele não ligava. Ela se sentou ao seu lado e deixou que algumas lágrimas escorressem de seus olhos, Benjamin olhou para a mãe e sentiu um aperto muito forte no coração... E a única coisa que falou foi: "Mãe, me desculpe, mas eu não sei escrever e, sei que nunca vou saber escrever!". Sua mãe nada lhe disse apenas se levantou e foi para o quarto.

No dia seguinte, na escola, assim que terminou sua última aula, que era justo a aula de português, seu professor disse que queria conversar com ele, Benjamin então ficou. Ele se aproximou da mesa do professor e puxou uma cadeira para sentar. O professor olhou bem em seus olhos e perguntou: "Benjamin, você quer aprender a escrever?", Benjamin olhou, pensou e, respondeu: "Não". "Por que, Benjamin?”. “Porque eu não vou aprender".

Ao dizer isso, se levantou e saiu, normalmente, como se nada houvesse acontecido. Foi para casa e lá encontrou sua mãe e seu pai conversando com uma mulher que trabalhava para o conselho tutelar, ela achava que ele não estava sendo bem cuidado, por isso a dificuldade para aprender a escrever, mas ele nem quis conversar com ela, e foi para o seu quarto.

Alguns minutos depois que a mulher foi embora, sua mãe foi até o quarto dele para saber se ele estava precisando de alguma coisa, ou se queria um lanche... Mas quando abriu a porta, viu algo que nunca imaginou antes, ficou tão chocada que as palavras fugiram de sua boca, só conseguia ficar parada olhando, sem dizer nada.

Querem saber o que ela viu? Bom, como eu sou boazinha, eu vou contar. Benjamin estava tão distraído que nem percebeu que sua mãe tinha entrado no quarto. E ele estava distraído... ESCREVENDO!!! E não eram coisas que crianças escrevem quando estão aprendendo o ABC, não, ele estava escrevendo histórias. Nas paredes de seu quarto, estavam vários outros papéis com histórias que ele mesmo tinha escrito. Quando ele olhou para trás e viu que sua mãe estava ali, vendo tudo, teve um ataque de raiva, começou a gritar com sua mãe, mandando-a sair de seu quarto, perguntando se ela tinha esquecido como se bate na porta...

A mãe de Benjamin fecha a porta e, ainda em choque, não consegue sair de sua posição depois de fechar a porta e, lágrimas começam a escorrem de seus olhos, mas desta vez, lágrimas de alegria, ficou tão feliz ao ver que seu filho estava escrevendo, e tão bem daquele jeito, que nem ligou para as palavras dele, ordenando para que ela saísse do quarto.

Mais tarde, Benjamin desce do quarto, e vê sua mãe sentada na sala, e decide sentar e conversar com ela, achou que ela merecia uma explicação e, realmente, ela merecia. Ele sentou-se ao seu lado e disse: "Mãe, por favor, não fica brava ou chateada comigo, mas eu não queria que ninguém soubesse que sei escrever, porque assim eu iria passar de ano e ir passando... Até que não teria mais anos pra eu me esforçar pra passar, e naquela escola, onde sempre tenho meus amigos para brincar, meus professores para conversar, e traquinagens para aprontar, nunca mais eu iria entrar. Amo tanto ficar na escola, que não queria mais passar de ano, e assim passar o resto da vida na escola. Me desculpe..."

Sua mãe ficou feliz e triste ao mesmo tempo com aquela explicação, feliz por saber que ele gostava muito da escola e por saber escrever, e triste por ele estar com esse medo dentro dele, e não ter lhe contado nada. Mas com muita conversa com seus pais e seus professores, Benjamin decidiu que não iria mais fingir que não sabia escrever, e seguiu normalmente com sua vida.

Hoje, Benjamin tem 34 anos, e está dando aulas de português e matemática, naquela mesma escola, leciona essas duas matérias, e ainda arranja um tempo para aulas particulares para os alunos com dificuldades, com isso Benjamin praticamente vive na escola, por não ter tempo quase de ir para casa, mas ele nem liga para isso, porque tudo que ele sempre quis, desde criança, foi ficar para sempre na escola.


LEITE, Jessica. São Paulo, 10 de Abril de 2012.
Vamos começar  com Cartas de amor por que quem nunca escreveu uma carta de amor ...



Todas as cartas de amor...
Fernando Pessoa(Poesias de Álvaro de Campos)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)